O Templo Também É Lugar de Fazer Política: Um Estudo a Partir das Caravanas “Juventude Pelo Brasil” Durante as Eleições de 2022
DOI:
https://doi.org/10.17231/comsoc.46(2024).5796Palavras-chave:
religião, eleição, desinformação, Nikolas Ferreira, Jair BolsonaroResumo
O presente trabalho trata de um estudo de casos múltiplos cujo objetivo é compreender como o então candidato à reeleição, Jair Bolsonaro (Partido Liberal), é apresentado em atos eleitorais realizados dentro de igrejas evangélicas durante o segundo turno das eleições presidenciais de 2022. Para tanto, esta pesquisa analisou três eventos da turnê do influenciador e deputado federal Nikolas Ferreira, chamados de caravanas “Juventude Pelo Brasil”. O objetivo era conquistar mais votos dos nordestinos no segundo turno em favor de Bolsonaro, que ficou atrás de seu principal adversário, Luiz Inácio Lula da Silva (Partido dos Trabalhadores), em todos os estados da região na primeira parte da disputa. A partir da análise das caravanas realizadas em diferentes cidades nordestinas, questionamos também se houve discursos desinformativos durante as caravanas e com que propósitos. Para este trabalho, foram analisadas as falas proferidas por Nikolas Ferreira durante os eventos que aconteceram em Imperatriz (Maranhão), Fortaleza (Ceará) e Salvador (Bahia) em outubro de 2022. Essas caravanas foram integralmente transmitidas pelo YouTube, por meio do qual tivemos acesso ao conteúdo. Cada fala de Ferreira contém entre 21 e 31 minutos. Para a análise, utilizamos o método qualitativo descritivo de análise de conteúdo, a partir dos vídeos disponibilizados na plataforma supracitada. Os resultados indicam que a principal estratégia na construção da imagem de Bolsonaro em igrejas evangélicas se deu a partir da desconstrução da imagem de adversários políticos, na qual a eleição foi tratada como um confronto ideológico, onde Bolsonaro foi apresentado como a figura central da luta contra o que era percebido como um mal maior. Além disso, Ferreira, em busca de mobilizar seus eleitores, instrumentaliza a Bíblia, transformando o ato de votar em uma cruzada moral, sugerindo que votar em outro candidato seria ir contra os princípios religiosos, o que contribui para disseminar desinformação em relação a esses temas.Downloads
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