Chamada de Trabalhos | Vol. 50 | Comunicação e Conflitos | De 22 de outubro de 2025 a 15 de janeiro de 2026

22-10-2025

Editores temáticos: Teresa Ruão (CECS, Universidade do Minho, Portugal), Inês Amaral (CES, Universidade de Coimbra, Portugal) e Iván Puente (Universidade de Vigo, Espanha)

Falar em “conflito” é discutir uma realidade que, longe de se restringir ao âmbito militar ou diplomático, se manifesta em múltiplas esferas da vida em sociedade. Referimo-nos aos domínios político, social, cultural, tecnológico ou mesmo interpessoal do conflito. E “quando os vizinhos se zangam, os amantes discutem ou as nações entram em guerra, o remédio previsível prescrito pelas vozes da razão é a comunicação” (Krauss & Morsella, 2000, p. 144).

Na verdade, a comunicação — em todas as suas formas e suportes — parece ser capaz de gerar, mediar, amplificar ou mitigar tensões, pela influência que tem sobre perceções, comportamentos humanos e resultados, desempenhando, desse modo, um papel central na génese, na escalada e na resolução destas tensões. Os média moldam perceções, constroem narrativas de legitimação ou demonização e atuam como catalisadores da mobilização social. As redes sociais amplificam vozes marginalizadas, mas também potenciam fenómenos de polarização e desinformação. Ao mesmo tempo, atores institucionais e organizações utilizam estratégias comunicacionais, desde a gestão de crises até à diplomacia pública, para influenciar audiências internas e externas.

Neste quadro, a comunicação não é meramente um veículo de transmissão de informação, mas antes um processo interativo de construção de sentidos, negociação de significados e gestão de emoções. Os média, o discurso jornalístico, e as redes sociais funcionam como canais privilegiados de framing, onde narrativas de vítima e adversário se cristalizam ou se desafiam. A comunicação organizacional, institucional e comunitária recorre a práticas de mediação, conciliação e diplomacia pública para desacelerar tensões, recorrendo a técnicas de escuta ativa, feedback estruturado e reframing dos problemas. E muitos outros fenómenos de comunicação podem ser observados em contextos de conflito.

É, portanto, oportuno — até no quadro geoestratégico mundial da atualidade — aprofundar o conhecimento sobre os processos comunicacionais que subjazem aos conflitos contemporâneos. Esta edição da revista Comunicação e Sociedade convida, pois, investigadores a explorar, com rigor teórico e metodológico, as múltiplas interfaces entre diálogo e antagonismo. Serão bem acolhidas colisões de ideias e abordagens interdisciplinares que analisem, por exemplo, o uso de narrativas de vítima e agressor, as dinâmicas de empatia e desumanização, a eficácia de práticas de literacia mediática em contextos de tensão ou o papel do jornalismo e o impacto das campanhas de desinformação transnacional. Além disso, terão bom enquadramento neste volume estudos comparativos e pesquisas de âmbito regional que revelem como especificidades culturais, históricas e políticas moldam os discursos de conflito.

Ao reunir contributos diversos — empíricos e teóricos, quantitativos e qualitativos — pretende-se oferecer um retrato abrangente das dinâmicas comunicacionais em situação de conflito, bem como pistas para a formulação de práticas e políticas de mediação mais eficazes. Convida-se assim, a comunidade científica a submeter trabalhos que desafiem visões convencionais, proponham novas ferramentas analíticas e contribuam para uma compreensão mais profunda dos processos comunicacionais em contextos de conflito.

Eixos temáticos (não exaustivos):

  • Mediação e framing de conflitos nos média;
  • Narrativas de crise e retórica do conflito;
  • Redes sociais, bolhas de filtro e polarização;
  • Comunicação organizacional em contexto de conflito laboral;
  • Diplomacia pública, propaganda e desinformação;
  • Gestão de crises e comunicação de risco;
  • Conflitos intergeracionais, étnicos ou culturais e práticas comunicativas;
  • Ética e responsabilidade social na cobertura jornalística de conflitos;
  • Opinion makers, conflitos internacionais e construção social da realidade.

Período de submissão de propostas (textos integrais): de 22 de outubro de 2025 a 15 de janeiro de 2026

Período de publicação: edição contínua (julho a dezembro de 2026)

LÍNGUA

Os artigos podem ser submetidos em inglês ou português. Os artigos selecionados para publicação serão traduzidos para português ou inglês, respetivamente, devendo ser publicados integralmente nos dois idiomas.

EDIÇÃO E SUBMISSÃO

Comunicação e Sociedade é uma revista académica de acesso livre, funcionando de acordo com os exigentes padrões do sistema de revisão de pares e operando num processo de dupla revisão cega. Cada trabalho submetido será distribuído a um mínimo de dois revisores previamente convidados a avaliá-lo, de acordo com a qualidade académica, originalidade e relevância para os objetivos e âmbito da temática.

Os originais deverão ser submetidos através do website da revista. Se está a aceder à Comunicação e Sociedade pela primeira vez, deve registar-se para poder submeter o seu artigo (indicações para se registar aqui).

O guia para os autores pode ser consultado aqui.

Para mais informações, contactar: comunicacaoesociedade@ics.uminho.pt

Referências

Krauss, R. M., & Morsella, E. (2000). Communication and conflict. In M. Deutsch, P. T. Coleman, & E. C. Marcus (Eds.), The handbook of conflict resolution: Theory and practice (pp. 144–157). Jossey-Bass.