Comunicação e Sociedade https://revistacomsoc.pt/index.php/revistacomsoc <p><em>Comunicação e Sociedade</em> é uma revista científica da área das ciências da comunicação, editada pelo <a href="http://www.cecs.uminho.pt/">Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade</a>. Publica dois volumes por ano (junho e dezembro), em regime de publicação contínua, com edição bilingue, integralmente em português e em inglês.</p> Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade (CECS) da Universidade do Minho pt-PT Comunicação e Sociedade 1645-2089 <p>Os autores são titulares dos direitos de autor, concedendo à revista o direito de primeira publicação. O trabalho é licenciado com uma Licença <a href="https://creativecommons.org/licenses/by/4.0/" rel="license">Creative Commons - Atribuição 4.0 Internacional</a>.</p> Arquitetura e Branding: O Património Como Elemento da Identidade Corporativa nas Universidades https://revistacomsoc.pt/index.php/revistacomsoc/article/view/6304 <p>O presente estudo analisa o papel da arquitetura na construção da identidade corporativa de universidades classificadas como “Património Mundial da Unesco”. Pretende-se compreender de que forma estas instituições integram o seu património arquitetónico na comunicação institucional, em particular através dos seus vídeos oficiais, visando reforçar a sua imagem e valores. Para tal, recorre-se a uma abordagem qualitativa, baseada na análise do discurso audiovisual, utilizando o modelo do quociente patrimonial, que permite explorar cinco dimensões fundamentais das marcas patrimoniais: trajetória, longevidade, valores, símbolos e história como identidade.<br />A análise dos vídeos institucionais da Universidade de Coimbra, da Universidade Nacional Autónoma do México e da Universidade de Alcalá demonstra que a arquitetura funciona não apenas como espaço funcional, mas também como recurso simbólico, transmitindo prestígio, continuidade e legitimidade institucional. Verifica-se que os espaços arquitetónicos destacados nesses vídeos desempenham um papel central na construção da identidade universitária e na respetiva estratégia de <em>branding</em> patrimonial. Em suma, conclui-se que a arquitetura constitui um ativo estratégico na comunicação institucional das universidades patrimoniais.</p> Íñigo Urquía Uriaguereca Direitos de Autor (c) 2025 Íñigo Urquía Uriaguereca https://creativecommons.org/licenses/by/4.0 2025-09-01 2025-09-01 48 e025015 e025015 10.17231/comsoc.48(2025).6304 O Apelo à Emoção nas Estratégias de Comunicação: O Caso das Universidades Espanholas no Instagram https://revistacomsoc.pt/index.php/revistacomsoc/article/view/6306 <p>O objetivo deste artigo é analisar as emoções que as universidades espanholas mobilizaram a partir dos seus perfis no Instagram, no início do ano letivo de 2024/2025. O regresso às aulas é um momento importante de primeiro contato das universidades com os novos estudantes, por isso, consideramos pertinente estudar as estratégias de comunicação utilizadas neste período. Como metodologia, combinamos a análise retórica e a análise do discurso digital, complementadas por entrevistas semiestruturadas com os profissionais de comunicação de quatro universidades (Universidade Autônoma de Barcelona, Universidade Complutense de Madrid, Universidade de Salamanca e Universidade de Sevilha). Os resultados identificaram que estas instituições adotam um discurso multimodal (com textos, imagens e vídeos) e multiplataforma (por exemplo, o seu site e outras plataformas sociais, como o TikTok). As universidades procuram construir um <em>ethos</em> de internacionalização, bem como despertar nos estudantes emoções de orgulho, pertencimento e nostalgia. Também foi possível concluir que os profissionais de comunicação universitária mobilizam intencionalmente emoções na sua comunicação em plataformas digitais, como, por exemplo, no Instagram, para captar a atenção e o envolvimento dos seus públicos. No entanto, apesar deste esforço comunicativo, a interação do público permanece baixa. Ou seja, a mobilização de emoções funciona, mas ainda não é suficiente para estabelecer uma conexão mais profunda com os estudantes online.</p> Sendi Chiapinotto Spiazzi Carme Ferré-Pavia Rejane de Oliveira Pozobon Direitos de Autor (c) 2025 Sendi Chiapinotto Spiazzi, Carme Ferré-Pavia, Rejane de Oliveira Pozobon https://creativecommons.org/licenses/by/4.0 2025-09-16 2025-09-16 48 e025016 e025016 10.17231/comsoc.48(2025).6306 A Plataforma X e a Redefinição da Comunicação Política na Colômbia: Um Olhar Sobre a Literatura Recente https://revistacomsoc.pt/index.php/revistacomsoc/article/view/6087 <p>Os estudos sobre a relevância da plataforma X nos processos de informação e comunicação política na Colômbia experimentaram um aumento considerável nas últimas duas décadas. Mediante uma revisão sistemática da literatura, que explorou os estudos publicados entre 2016 e 2022, e utilizando uma abordagem metodológica multidimensional, foram identificados os contextos em que esses estudos foram desenvolvidos e os desafios enfrentados por esse campo de pesquisa. Foram analisados 42 documentos científicos indexados em bases de dados como a Scopus, EBSCO, ScienceDirect, JSTOR, ProQuest e Google Acadêmico, aplicando rigorosos critérios de inclusão e exclusão, conforme o protocolo PRISMA. Os resultados foram organizados em três categorias principais: atores (emissores e destinatários), debates políticos e campanhas eleitorais, destacando-se a crescente influência do microblogue na política colombiana. Apurou-se que a plataforma X é amplamente utilizada no cenário político do país, transformando as dinâmicas de interação entre atores políticos, e consolidou-se como um espaço chave para o engajamento político e eleitoral na Colômbia. Os resultados fornecem um quadro analítico para estudar o impacto das plataformas digitais na política e contribuem para a literatura global em comunicação política, explorando dinâmicas informacionais em contextos democráticos.</p> Luis Jorge Orcasitas P Elen Geraldes Georgete Medleg Rodrigues Direitos de Autor (c) 2025 Luis Jorge Orcasitas P, Elen Geraldes, Georgete Medleg Rodrigues https://creativecommons.org/licenses/by/4.0 2025-09-17 2025-09-17 48 e025017 e025017 10.17231/comsoc.48(2025).6087 Jornalismo de Influência Regional: Uma Proposta Para as Cidades Médias Brasileiras https://revistacomsoc.pt/index.php/revistacomsoc/article/view/6440 <p>O artigo tem como objetivo apresentar a proposta conceitual de “jornalismo de influência regional”, voltada à atividade desenvolvida nas cidades médias brasileiras não metropolitanas, situadas no interior dos estados. A proposição parte de uma pesquisa empírica empreendida na cidade média de Imperatriz, localizada no sudoeste do Maranhão, e em 18 cidades pequenas da sua região de influência (<em>Regiões de Influência das Cidades: 2018</em>; Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 2020). Como estratégia metodológica foram adotados os seguintes procedimentos: (a) mapeamento dos veículos de comunicação em funcionamento nas cidades investigadas; (b) entrevistas semiestruturadas com jornalistas de Imperatriz; (c) aplicação de questionários com moradores de Imperatriz e das cidades na sua região de influência; e (d) análise de conteúdo dos produtos jornalísticos. Os resultados obtidos indicam a existência de um jornalismo especializado na: (a) produção simultânea de notícia local e regional, a qual denominamos “notícia polarizadora”; (b) realização da cobertura noticiosa da região de influência; (c) mediação das demandas e reivindicações das pequenas comunidades do entorno; (d) informação de proximidade para o consumo da região; e (e) intermediação de fluxos informativos produzidos em outros centros urbanos.</p> Thays Assunção Reis Direitos de Autor (c) 2025 Thays Assunção Reis https://creativecommons.org/licenses/by/4.0 2025-07-28 2025-07-28 48 e025014 e025014 10.17231/comsoc.48(2025).6440 Invisível e Vulnerável, mas Resiliente: Um Retrato da Imprensa Regional Centenária em Portugal https://revistacomsoc.pt/index.php/revistacomsoc/article/view/6377 <p>Num contexto de profunda crise no setor mediático e de crescente desertificação informativa em vastas regiões de Portugal, este estudo propõe um mapeamento da imprensa regional centenária enquanto expressão resiliente do jornalismo de proximidade. Através de uma metodologia mista — combinando análise documental e levantamento quantitativo — foram identificadas e analisadas 40 publicações com mais de 100 anos de existência, ainda em atividade no território nacional. O estudo examina a sua distribuição geográfica, periodicidade, formato (papel e/ou digital) e composição das direções editoriais em termos de género. Os resultados apontam para uma forte ancoragem territorial destas publicações e assimetrias regionais significativas e revelam padrões preocupantes, como a frágil transição digital, a reduzida diversidade de género nas chefias num quadro de segregação vertical e a persistente vulnerabilidade económica. Apesar dessas limitações, estes jornais continuam a desempenhar um papel relevante na preservação da memória coletiva, na coesão social e no fortalecimento da democracia local. Além disso, oferecem pistas importantes sobre práticas de resistência e adaptação que desafiam o declínio do jornalismo de proximidade. O estudo propõe, por fim, uma reflexão sobre o valor público desta imprensa e a urgência de políticas que a reconheçam como património informativo e bem comum, fundamental para garantir o direito à informação em regiões periféricas e sub-representadas.</p> Liliana Carona Rita Basílio de Simões Direitos de Autor (c) 2025 Liliana Carona, Rita Basílio de Simões https://creativecommons.org/licenses/by/4.0 2025-10-17 2025-10-17 48 e025018 e025018 10.17231/comsoc.48(2025).6377 Entre a Inércia Institucional e a Vulnerabilidade Sistémica: Compreender as Ameaças Invisíveis à Segurança dos Jornalistas https://revistacomsoc.pt/index.php/revistacomsoc/article/view/6404 <p>A investigação sobre a segurança dos jornalistas evidencia duas dimensões interligadas: os riscos físicos em zonas de conflito e os riscos menos tangíveis que afetam o desempenho em contextos considerados relativamente seguros. Na Letónia, como noutros países europeus, os jornalistas são alvo de humilhações online, assédio, discurso de ódio e ataques à sua credibilidade profissional. Perante este cenário, colocam-se duas questões centrais: quais são as perceções dos jornalistas relativamente aos riscos para a sua segurança? Estarão as instituições de média preparadas para prestar o apoio adequado? Este artigo analisa as perceções dos profissionais dos média letões relativamente a problemas de segurança associados ao trabalho e aos mecanismos disponíveis para mitigar o stress e os riscos. Foi seguida uma metodologia mista que integrou análise da literatura, um painel de Delphi em duas rondas a especialistas (25 e 23 participantes de média nacionais e regionais, organizações não governamentais e entidades ligadas ao jornalismo), oito entrevistas semiestruturadas com advogados e especialistas em direito dos média, estudos de caso de decisões judiciais e três grupos focais (com especialistas jurídicos, gestores de média e jornalistas de investigação). Os resultados revelam um ambiente de ameaças complexo, onde coexistem múltiplos riscos, mas as estruturas de apoio permanecem limitadas. Mulheres, repórteres regionais, jornalistas de língua russa e <em>freelancers</em> surgem como os grupos mais vulneráveis, enfrentando riscos de segurança influenciados tanto pela <em>invisibilidade de grupo</em> — quando as suas identidades profissionais não são devidamente reconhecidas — como pela <em>preocupação com a invisibilidade</em> — quando ameaças persistentes são normalizadas ou desvalorizadas. Embora algumas insuficiências institucionais resultem de restrições de recursos e da falta de competências jurídicas ou psicológicas, a relutância em agir e as práticas reativas fragilizam ainda mais as respostas organizacionais. A ausência de ação eficaz por parte das autoridades policiais e dos tribunais, a par do aumento das ações judiciais estratégicas contra a participação pública, reforça uma “cultura de impunidade”. Deste modo, emerge um paradoxo: a humilhação e o assédio online são omnipresentes e, por isso, normalizados, tornando-se efetivamente invisíveis apesar da sua persistência. Em contrapartida, os ciberataques e os processos estratégicos contra a participação pública são altamente visíveis, uma vez que afetam diretamente os interesses jurídicos e financeiros das empresas de média. Esta assimetria de visibilidade agrava a erosão da integridade profissional dos jornalistas e do seu papel social.</p> Anda Rožukalne Alnis Stakle Ilva Skulte Direitos de Autor (c) 2025 Anda Rožukalne, Alnis Stakle, Ilva Skulte https://creativecommons.org/licenses/by/4.0 2025-10-28 2025-10-28 48 e025019 e025019 10.17231/comsoc.48(2025).6404 Comunidades Invisíveis: Vozes Minoritárias no Jornalismo Profissional Alavancadas Pelo Jornalismo Comunitário em Rádios Alternativas https://revistacomsoc.pt/index.php/revistacomsoc/article/view/6456 <p>Assente em estudos acerca dos critérios de noticiabilidade nos média tradicionais e na invisibilidade de temáticas e grupos sociais (Hall, 1997; Traquina, 2000), este estudo enquadra-se na discussão do papel dos média na construção da realidade social e na marginalização e não representação de determinados grupos sociais.<br />Com o avanço da internet e das redes sociais, apesar de terem sido criadas formas de exclusão mediática, com a personalização dos conteúdos através dos algoritmos (Noble, 2018; Pariser, 2011; Roberts, 2019), os média comunitários surgem como uma alternativa para dar voz a estes grupos marginalizados, através do jornalismo cidadão, comunitário e independente, promovendo a tão desejada, e prometida, maior participação cívica e democrática (Atton &amp; Hamilton, 2008; Forde, 2011; Radsch, 2016). <br />Este estudo exploratório centra-se na análise qualitativa a quatro rádios comunitárias portuguesas, Rádio Sintoniza-T, Rádio Ophelia, Rádio Freguesia de Belém e Rádio Antecâmara, exclusivamente online, sem fins lucrativos e geridas por voluntários.<br />A pesquisa evidencia que, apesar dos esforços dessas emissoras comunitárias para preencher as lacunas deixadas pelo jornalismo <em>mainstream</em>, o jornalismo praticado por estas rádios e pelos seus voluntários ainda está em desenvolvimento. O envolvimento comunitário é um desafio e as emissoras estão mais voltadas para programas culturais e de entretenimento do que para noticiários regulares e a produção de notícias, justificado pelo seu ainda curto período de existência. Contudo, o potencial dessas iniciativas é significativo, podendo evoluir para modelos mais estruturados de jornalismo alternativo, jornalismo cidadão e jornalismo comunitário, que atendam às necessidades informativas das suas comunidades.</p> Miguel Midões Direitos de Autor (c) 2025 Miguel Midões https://creativecommons.org/licenses/by/4.0 2025-10-30 2025-10-30 48 e025020 e025020 10.17231/comsoc.48(2025).6456