A “Fantástica” (Re)Construção do Passado: Uma Análise Sobre Memória e Inteligência Artificial na Série Fantástico — 50 Anos
DOI:
https://doi.org/10.17231/comsoc.47(2025).6191Palavras-chave:
memória, televisão, inteligência artificial, FantásticoResumo
O estudo analisa como a inteligência artificial atua como mediadora na reconstrução de narrativas históricas no telejornalismo e quais impactos simbólicos e éticos esse uso provoca na memória coletiva. Para tanto, há como objeto de análise o primeiro episódio da série Fantástico — 50 Anos, que utiliza a inteligência artificial para reconstruir o programa inaugural perdido em um incêndio ocorrido em 1976. Além das recriações tecnológicas, a narrativa do episódio incorpora lembranças e depoimentos das pessoas diretamente envolvidas na época, explorando os vínculos entre memória individual e coletiva. O objetivo geral consiste em compreender de que maneira a inteligência artificial atua como mediadora na preservação e ressignificação de narrativas históricas, avaliando sua relevância para a simplicidade, praticidade e impacto simbólico na construção da memória coletiva. A metodologia utilizada é a análise de conteúdo, complementada por uma abordagem teórica fundamentada em autores como Halbwachs, Pollak, Huyssen, Beiguelman e Scolari, que discutem as dinâmicas da memória, do esquecimento e das tecnologias digitais. Os resultados indicam que, embora a inteligência artificial seja uma ferramenta para simular e recriar o passado, sua atuação depende de uma estrutura narrativa que articula depoimentos humanos e contextos históricos para ressoar emocionalmente com o público. Além disso, constatamos que as recriações promovem tanto uma reconexão afetiva com o passado quanto um estranhamento, decorrente da artificialidade derivada das simulações. Este estudo contribui para o debate sobre o uso de tecnologias digitais no telejornalismo e seus impactos na preservação e ressignificação da memória.
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