Entre a memória e o seu apagamento: O Grande Kilapy de Zézé Gamboa e o legado do colonialismo português
DOI:
https://doi.org/10.17231/comsoc.29(2016).2418Palavras-chave:
Cinema africano, memória, esquecimento, colonialismo português, pós-colonialismoResumo
O 40º aniversário da “queda do império português” tem suscitado novas abordagens críticas ao legado colonial em Portugal. No entanto, a reconfiguração das memórias do colonialismo na produção cultural contemporânea da África dita lusófona tem recebido muito menos atenção. Até hoje, os filmes do cineasta angolano Zézé Gamboa têm sido pouco discutidos de um ponto de vista académico, em particular o seu filme mais recente, O Grande Kilapy (2012), que constitui o tema deste artigo. O filme revela a urgência de redimir a memória numa sociedade pós-colonial, bem como a forma como o poder de silenciar tais memórias se encontra situado nas estruturas geopolíticas do chamado mundo lusófono. Este artigo demonstrará como Gamboa contribui para a descolonização do imaginário ao reclamar memórias e ao reenquadrar a história, mas também como esta redenção e transmissão da memória se encontra limitada pelos constrangimentos de produção e de distribuição enfrentados pelo próprio filme e determinados pelas configurações de poder características do espaço lusófono pós-colonial. Desta forma, e embora reconhecendo a importância do arquivo para a memória, tal como propôs Pierre Nora, este artigo proporá que as estratégias alternativas empregues pelo O Grande Kilapy, tais como a transmissão oral de histórias, são essenciais para superar estes limites.Downloads
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