Objectos, poder e oculto – Sobre a experiência do ecrã
DOI:
https://doi.org/10.17231/comsoc.17(2010).1012Palavras-chave:
Objecto artístico, objecto funcional, poder, oculto, ecrãResumo
Com este artigo procura-se estabelecer uma relação entre os conceitos de “poder” e “oculto” e alguns aspectos dos objectos artísticos e funcionais, tendencialmente contemporâneos e sujeitos à incorporação da imagem técnica. Para tal, recorre-se ao pensamento de autores da antropologia (Alfred Gell, 1999), filosofia (Walter Benjamin, 1992; Vilém Flusser, 1985; e Albert Borgmann, 1984, 1999) e estudos dos novos media (Lev Manovich,2001), seguindo a interdisciplinaridade das temáticas da tecnologia e da comunicação, entendendo que são os domínios que mais se manifestam nos artefactos de hoje.Sendo a arte tecnológica, não só por incluir processos tecnológicos como por resultar dos mesmos, optamos por associá-la à análise dos objectos funcionais, o que nos faz descobrir transversalidades entre os dois universos quase sempre devido a elementos técnicos. O ecrã emerge desta abrangência como especial constituinte – entre outros, do cinema –, crescendo no domínio artístico e integrando-se plenamente no funcional, nomeadamente em objectos que o reproduzem sob variadas nuances, como a televisão e o computador. Reconhecendo a hibridez artística e funcional deste dispositivo, destacamo-lo principalmente como a materialização mais representativa de poder e oculto presente nos artefactos contemporâneos. A cristalização de uma imagem técnica enquadrada notabiliza o poder de presentificação da distância e de instrumentalização da imagem, aspectos que só são possíveis graças a uma maquinaria que se esconde e a uma realidade que se recorta. Neste sentido, o ecrã, apesar de comportar inúmeras possibilidades, é também expressão da crescente complexificação tecnológica que, à custa da criação de poderes, se oculta à nossa vigilância e controlo.Downloads
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