(In)visibilidade de mulheres sem rosto: ética e política em imagens fotográficas de Teresa Margolles
DOI:
https://doi.org/10.17231/comsoc.32(2017).2761Palavras-chave:
Femicídio, imagem, vulnerabilidade, política da estética, rostoResumo
Na contramão dos quadros morais produzidos pelos discursos fotojornalísticos tradicionais e pela cobertura mediática dos casos de femicídio no cotidiano, a artista mexicana Teresa Margolles cria obras onde a brutalidade de assassinatos em série conecta o sofrimento individual a uma responsabilidade ética coletiva. Neste texto, analisaremos as construções fotográficas de duas obras recentes da artista mexicana: La búsqueda (2014) e Pesquisas (2016). A partir das noções de vulnerabilidade e de precariedade (Butler, 2006; Butler et al., 2016), argumentamos que a relação entre violência e gênero no trabalho de Margolles é apresentada sob a forma da resistência, dirigindo-se a um comum enquanto espaço público polémico (Rancière, 2004), e instaurando a possibilidade de uma cena de interpelação (Butler, 2015). Consideramos ainda que estas obras, onde os sofrimentos individuais foram articulados em uma narrativa complexa, passíveis de interpelar os espectadores, compõem um gesto estético-político, que se acorda com a política das imagens reivindicada por pensadores como Jacques Rancière (2010b) e Georges Didi-Huberman (2012). A dinâmica política e estética que atravessa as fotografias de Margolles é relacionada ainda com a responsabilidade ética implícita na noção de rosto em Emmanuel Levinas (1982).
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