Pigmalião digital: a construção simbólica e visual do feminino na revista online CoverDoll

Autores

  • Maria João Faustino The University of Auckland

DOI:

https://doi.org/10.17231/comsoc.32(2017).2759

Palavras-chave:

CoverDoll, ciberfeminismo, sex dolls, Pigmalião, Galateia

Resumo

Partindo da moldura teórica do ciberfeminismo, e questionando a construção da visualidade no contexto digital e a dimensão de género que a baliza, o presente estudo centra-se na análise dos conteúdos imagéticos e linguísticos publicados na CoverDoll, revista online dedicada às sex dolls. O mito de Pigmalião é proposto como dispositivo hermenêutico na análise da CoverDoll, já que os mecanismos de simulação de uma subjetividade parecem reproduzir o mesmo fundo simbólico: o feminino ficcionado surge numa condição de alteridade, como produto do masculino criador. A nossa análise aponta para continuidades simbólicas e convenções estéticas que permanecem apesar das disrupções técnicas. A construção visual do feminino nas produções fotográficas da revista prolonga mecanismos operantes na tradição da pintura descritos por John Berger: o feminino retratado dirige-se a um voyeur masculino, ausente da imagem. A câmara é na CoverDoll sucedânea do espelho enquanto dispositivo de construção do feminino narcísico: pelas múltiplas referências à camara, a pretensa vaidade feminina surge como artifício de ocultação do voyeur masculino. Os conteúdos imagéticos convergem para a erotização e espectacularização do corpo feminino, tratando-o como objeto visual e traduzindo uma visão padronizada de beleza. As narrativas ficcionais articulam estereotipias do feminino: frivolidade, sedução e cuidado.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Downloads

Publicado

29-12-2017

Como Citar

Faustino, M. J. (2017). Pigmalião digital: a construção simbólica e visual do feminino na revista online CoverDoll. Comunicação E Sociedade, 32, 231–249. https://doi.org/10.17231/comsoc.32(2017).2759

Edição

Secção

Artigos Temáticos