A Comunicação (Não) Interseccional de Instituições de Ativismo Tecnológico que Atuam na Promoção da Igualdade de Gênero nas Tecnologias da Informação e da Comunicação em Portugal

Autores

DOI:

https://doi.org/10.17231/volesp(2025).5800

Palavras-chave:

comunicação interseccional, gênero, tecnologias da informação e da comunicação, ativismo tecnológico, inclusão digital

Resumo

A brecha digital de gênero tem raízes profundas em desigualdades históricas e sociais. Em Portugal, políticas públicas têm tentado reduzir essa disparidade, focando-se na educação e emprego, mas, frequentemente, falham ao não considerar a complexidade social do problema, como a falta de acesso a aparatos tecnológicos de qualidade e a baixa literacia tecnológica entre mulheres de diferentes contextos geográficos e socioeconômicos. Este trabalho busca analisar a comunicação das instituições de ativismo tecnológico, que atuam na promoção da igualdade de gênero nas tecnologias da informação e da comunicação em Portugal, sob uma perspectiva interseccional. Focando nas publicações do Instagram de quatro instituições (Portuguese Women in Tech, As Raparigas do Código, Geek Girls Portugal e Women in Tech Portugal), entre janeiro e junho de 2023, a análise revela que, embora haja esforços perceptíveis por parte das instituições de ativismo tecnológico em Portugal, ainda existem desafios consideráveis na promoção de uma comunicação interseccional. Conclui-se que as instituições devem revisar e expandir suas estratégias de comunicação, para incorporar uma abordagem interseccional, garantindo representação contínua e diversa. Descentralizar atividades e promover eventos online são estratégias importantes para ampliar a participação e reduzir desigualdades.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografias Autor

Micaela Cabral, Laboratório de Comunicação e Artes, Universidade da Beira Interior, Covilhã, Portugal

Micaela Cabral é doutoranda em Ciências da Comunicação na Universidade da Beira Interior. É mestre em Comunicação Estratégica: Publicidade e Relações Públicas pela mesma universidade. É bolseira de investigação da Fundação para Ciência e a Tecnologia e realiza estudos relacionados a políticas para igualdade de género nas tecnologias da informação e da comunicação em Portugal, ativismo tecnológico, comunicação em rede e comunicação estratégica.

Sónia de Sá, Laboratório de Comunicação e Artes, Universidade da Beira Interior, Covilhã, Portugal

Sónia de Sá é docente da Universidade da Beira Interior, realiza estudos na área da televisão e novos meios, estudos de género e representações de minorias, em especial, comunidades ciganas, mulheres negras e a comunidade LGBTQ+.

Carla Cerqueira, Centro de Investigação em Comunicação Aplicada, Cultura e Novas Tecnologias, Universidade Lusófona, Porto, Portugal

Carla Cerqueira é docente da Universidade Lusófona, Centro de Investigação em Comunicação Aplicada, Cultura e Novas Tecnologias (Porto, Portugal).

Referências

Abreu, C. (2017). Narrativas digifeministas: Arte, ativismo e posicionamentos políticos na internet. Revista Brasileira de Pesquisa (Auto)biográfica, 2(4), 134–152. https://doi.org/10.31892/rbpab2525-426X.2017.v2.n4.p134-152

Akotirene, K. (2019). Interseccionalidade. Polén.

Albusays, K., Bjorn, P., Dabbish, L., Ford, D., Murphy-Hill, E., Serebrenik, A., & Storey, M.-A. (2021). The diversity crisis in software development. IEEE Software, 38(2), 19–25. https://doi.org/10.1109/MS.2020.3045817

Alozie, N. O., & Akpan-Obong, P. (2017). The digital gender divide: Confronting obstacles to women’s development in Africa. Development Policy Review, 35(2), 137–160. https://doi.org/10.1111/dpr.12204

Amaral, I. (2012). Participação em rede: Do utilizador ao “consumidor 2.0” e ao “prosumer”. Comunicação e Sociedade, 22, 131–147. https://doi.org/10.17231/comsoc.22(2012).1278

As Raparigas do Código [@asraparigasdocodigo]. (2023, 7 de fevereiro). Com tantas opções disponíveis no mundo de IT pode tornar-se difícil saber qual o melhor caminho escolher [Fotografia]. Instagram. https://www.instagram.com/p/CoXEKipLYHi/?img_index=5

Babo, I. (2018). Redes, ativismo e mobilizações públicas. Ação coletiva e ação conectada. Estudos em Comunicação, 1(27), 219–244.

Ballano, S., Uribe, A. C., & Munté-Ramos, R.-À. (2014). Young users and the digital divide: Readers, participants or creators on internet? Communication & Society, 27(4), 147–155. https://doi.org/10.15581/003.27.4.147-155

Bardin, L. (2006). Análise de conteúdo (L. Reto & A. Pinheiro, Trads.). Edições 70. (Trabalho original publicado em 1977)

Berkowsky, R. W., Sharit, J., & Czaja, S. J. (2017). Factors predicting decisions about technology adoption among older adults. Innovation in Aging, 1(3), 1–12. https://doi.org/10.1093/geroni/igy002

Boix, M., & Miguel, A. (2013). Os gêneros da rede: Os ciberfeminismos. In G. Nathanson (Ed.), Internet em código feminino: Teorias e práticas (pp. 15–38). La Crujía Ediciones.

Brandt, J., & Kizer, S. (2015). From street to tweet. In A. Trier-Bieniek (Ed.), Feminist theory and pop culture (pp. 115–127). Sense Publishers. https://doi.org/10.1007/978-94-6300-061-1_9

Carrera, F., & Carvalho, D. (2020). Algoritmos racistas: A hiper-ritualização da solidão da mulher negra em bancos de imagens digitais. Galáxia, (43), 99–114. https://doi.org/10.1590/1982-25532020141614

Carvalho, G. (2018). Redes sociais e influenciadores digitais - Uma descrição das influências no comportamento de consumo digital. Revista Brasileira de Pesquisas de Marketing, 11(3), 288–299.

Casemiro, D., & Silva, N. (2021). Teorias interseccionais brasileiras: Precoces e inominadas. Revista de Ciências do Estado, 6(2), 1–28. https://doi.org/10.35699/2525-8036.2021.33357

Castaño, C. (2008). La segunda brecha digital y las mujeres. Telos: Cuadernos de Comunicación e Innovación (digital), (75), 1–11.

Castaño, C. (2019). Revolución tecnológica y acceso de las mujeres al espacio público. Revista Tiempo de Paz, 134, 43–51.

Castells, M. (2018). O poder da identidade (K. B. Gerhardt, Trad.). Paz & Terra. (Trabalho original publicado em 1996)

Cerqueira, C., & Magalhães, S. (2017). Ensaio sobre cegueiras: Cruzamentos intersecionais e (in)visibilidades nos media. ex æquo, (35), 9–20. https://doi.org/10.22355/exaequo.2017.35.01

Chadwick, A. (2017). The hybrid media system: Politics and power. Oxford University Press.

Corrêa, L., & Bernardes, M. (2018). Quem tem um não tem nenhum: Solidão e sub-representação de pessoas negras na mídia brasileira. In L. G. Corrêa (Ed.), Vozes negras em comunicação: Mídia, racismos, resistências (pp. 203–220). Autêntica.

Corrêa, L., Guimarães-Silva, P., Bernardes, M., & Furtado, L. (2018). Entre o interacional e o interseccional: Contribuições teórico-conceituais das intelectuais negras para pensar a comunicação. Revista Eco-Pós, 21(3), 147–169. https://doi.org/10.29146/eco-pos.v21i3.20198

Crenshaw, K. (1989). Demarginalizing the intersection of race and sex: A Black feminist critique of antidiscrimination doctrine, feminist theory and antiracist politics. University of Chicago Legal Forum, 1,139–167.

Crenshaw, K. (2002). A interseccionalidade na discriminação de raça e gênero. In Cruzamentos: Raça e género (pp. 7–19). Unifem.

Cruz-Jesus, F., Oliveira, T., Bacao, F., & Irani, Z. (2017). Assessing the pattern between economic and digital development of countries. Information Systems Frontiers, 19(4), 835–854. https://doi.org/10.1007/s10796-016-9634-1

Davis, A. (2016). Mulheres, raça e classe (H. Candiani, Trad.). Boitempo. (Trabalho original publicado em 1981)

European Commission. (2022). European declaration on digital rights and principles for the digital decade. https://eur-lex.europa.eu/legal-content/EN/TXT/PDF/?uri=CELEX:32023C0123(01)

Ferreira, G., & Lima, J. (2020). Ciberfeminismo: Feministas tecem uma nova rede. Diversitas Journal, 5(3), 2263–2296. https://doi.org/10.17648/diversitas-journal-v5i3-1209

Fonseca, I., Barreiros, B., & Pires, C. (2023). Challenges of women’s digital inclusion in the Portuguese context. International Conference on Gender Research, 6(1), 104–111.

Gonzalez, L. (1988). Por um feminismo afrolatinoamericano. Revista Isis Internacional, 9, 133–141.

Haraway, D. (1991). Simians, cyborgs, and women: The reinvention of Nature. Routledge.

hooks, b. (2019). Teoria feminista: Da margem ao centro (R. Patriota, Trad.). Perspectiva. (Trabalho original publicado em 1984)

Instituto Nacional de Estatística. (2023, 17 de outubro). Inquérito à educação e formação de adultos 2022. INE.

Kilomba, G. (2019). Memórias da plantação: Episódios de racismo cotidiano. Editora Cobogó.

Lamartine, C., & Cerqueira, C. (2023). Entre ciberfeminismo e artivismo: Feminismo em Portugal no Dia Internacional Para a Eliminação da Violência Contra as Mulheres. Vista, (11), e023005. https://doi.org/10.21814/vista.4460

Lapa, T., & Vieira, J. (2019). Divisões digitais em Portugal e na Europa. Portugal ainda à procura do comboio europeu? Sociologia Online, 21, 62–82.

Lorde, A. (2019). Irmã outsider: Ensaios e conferências (S. Borges, Trad.). Autêntica. (Trabalho original publicado em 1984)

Martinez, F. (2019). Feminismos em movimento no ciberespaço. Cadernos Pagu, (56), 1–34. https://doi.org/10.1590/18094449201900560012

Martins, M., & Nunes, M. (2019). Ciberativismo aliado ao movimento feminista: Uma análise da experiência do aplicativo penha. Mediação, 22(29), 111–130.

Nascimento, M. B. (1974). Por uma história do homem negro. Revista de Cultura Vozes, 68(1), 41–45.

Natansohn, G. (2013). Internet em código feminino: Teorias e práticas. La Crujía Ediciones.

Parry, D., Johnson, C. W., & Wagler, F. (2018). Fourth wave feminism: Theoretical underpinnings and future directions for leisure research. In D. Parry (Ed.), Feminisms in leisure studies (pp. 1–12). Routledge.

Pérez-Escoda, A., García-Ruiz, R., & Lena-Acebo, F. J. (2021). Digital gender gap and digital competence among university students. Aula Abierta, 50(1), 505–514. https://doi.org/10.17811/rifie.50.1.2021.505-5014

Phua, J., Jin, S. V., & Kim, J. (2016). Gratifications of using Facebook, Twitter, Instagram, or Snapchat to follow brands: The moderating effect of social comparison, trust, tie strength, and network homophily on brand identification, brand engagement, brand commitment, and membership intention. Telematics and Informatics, 33(1), 176–187. https://doi.org/10.1016/j.tele.2016.06.004

Ragnedda, M. (2017). The third digital divide: A Weberian approach to digital inequalities. Routledge. https://doi.org/10.4324/9781315606002

Recuero, R. (2014). Curtir, compartilhar, comentar: Trabalho de face, conversação e redes sociais do Facebook. Revista Verso e Reverso, XXVIII(68), 114–124.

Reis, J. S., & Natansohn, G. (2021). Do ciberfeminismo... aos hackfeminismos. In G. Natansohn (Ed.), Ciberfeminismos 3.0 (pp. 51–66). Labcom.

Ribeiro, D. (2017). O que é lugar de fala? Letramento.

Santaella, L. (2004). Navegar no ciberespaço: O perfil cognitivo do leitor imersivo. Paulus.

Santaella, L. (2010). A ecologia pluralista da comunicação: Conectividade, mobilidade, ubiquidade. Paulus.

Segovia-Pérez, M., Figueroa-Domecq, C., Fuentes-Moraleda, L., & Muñoz-Mazón, A. (2019). Incorporating a gender approach in the hospitality industry: Female executives’ perceptions. International Journal of Hospitality Management, 76, 184–193. https://doi.org/10.1016/j.ijhm.2018.05.008

Silveirinha, M. (2011). Mulheres, tecnologia e comunicação: Para além das receitas. Media & Jornalismo, 10(18), 62–83.

Sprout Social. (2019). Edition XV: Empower & elevate. https://media.sproutsocial.com/uploads/Sprout-Social-Index-2019.pdf

Timeto, F. (2019). Por uma teoria do ciberfeminismo hoje: Da utopia tecnocientífica à crítica situada do ciberespaço. Porto Arte, 24(40), 1–27. https://doi.org/10.22456/2179-8001.95974

van Deursen, A., & van Dijk, J. (2015). Internet skill levels increase, but gaps widen: A longitudinal cross-sectional analysis (2010-2013) among the Duch population. Information, Communication & Society, 18(7), 782–797. https://doi.org/10.1080/1369118X.2014.994544

van Dijk, J. A. G. M., & van Deursen, A. J. A. M. (2014). Digital skills: Unlocking the information society. Palgrave Macmillan. https://doi.org/10.1057/9781137437037

Vieira, R., Marques, J., Silva, P., Vieira, A., & Margarido, C. (2020). Migrações, minorias étnicas, políticas sociais e (trans)formações. Mediação intercultural e intervenção social. Edições Afrontamento.

Women in Tech Portugal [@witportugal]. (2023, 3 de janeiro). Starting 2023 with 3 ways to develop your leadership skills [Fotografia]. Instagram. https://www.instagram.com/p/Cm8nvY0IA92/?img_index=2

Zimmerman, T. (2017). Intersectionality: The fourth wave feminist Twitter community. Atlantis, 38(1), 54–70.

Publicado

24-04-2025

Como Citar

Cabral, M., Sá, S. de, & Cerqueira, C. (2025). A Comunicação (Não) Interseccional de Instituições de Ativismo Tecnológico que Atuam na Promoção da Igualdade de Gênero nas Tecnologias da Informação e da Comunicação em Portugal. Comunicação E Sociedade, 181–200. https://doi.org/10.17231/volesp(2025).5800

Edição

Secção

Varia

Artigos mais lidos do(s) mesmo(s) autor(es)