Jorge de Sena, Liberdade de Pensamento nos Média e a Comunidade (Inter)Cultural de Língua Portuguesa
DOI:
https://doi.org/10.17231/volesp(2025).5493Palavras-chave:
Jorge de Sena, média, liberdade de pensamento, comunidade (inter)cultural de língua portuguesaResumo
Jorge de Sena (1919–1978), um dos mais multifacetados intelectuais portugueses do século XX, deixou um legado que, de acordo com certos autores (Baltrusch, 2019; Santos, 2019), merece ser explorado mais aprofundadamente para que seja apurada a dimensão do seu contributo para o património da cultura da língua portuguesa. Autor proscrito pelo regime de Salazar, com vasta obra produzida entre Portugal, Brasil e Estados Unidos, demonstrou desde cedo a sua liberdade de pensamento, recusando sacrificá-la a filiações políticas, apadrinhamentos sociais ou correntes literárias. Se, por um lado, essa liberdade foi incompatível com uma pátria ditatorial que lhe usurpou o lugar de pertença, por outro, permitiu-lhe fazer propostas inovadoras à época, como a constituição de uma comunidade (inter)cultural de língua portuguesa. Assim, a partir da constatação de que o pensamento de Jorge de Sena sobre esta comunidade permanece sob um espesso manto de esquecimento, encontrando-se ainda por sistematizar e divulgar, é proposta a hipótese de caber aos média, e ao tratamento que deram e continuam a dar a este intelectual, uma parte da responsabilidade por esse desconhecimento. Para testar a nossa hipótese, procedemos ao mapeamento, leitura, análise de conteúdo e consequente interpretação de vários conteúdos nos média, da autoria de, ou sobre, Jorge de Sena, desde 1942 até aos dias de hoje, dividindo esse período entre antes e após o 25 de Abril de 1974. Primeiro, constata-se que durante o período ditatorial, Sena nunca deixou de exprimir a sua liberdade de pensamento nas peças que assinava. Depois, textos sobre Jorge de Sena da autoria de outros enfatizam mais o seu percurso de vida do que o seu pensamento e o seu legado intelectual.
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