Das Ações Censórias à Resistência: Mobilizações em Defesa da Liberdade de Expressão Artística no Brasil

Autores

  • Maiara Orlandini Instituto de Educação Continuada, Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, Belo Horizonte, Brasil/Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social, Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, Brasil https://orcid.org/0000-0003-4961-2916
  • Bruna Silveira de Oliveira Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social, Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, Brasil https://orcid.org/0000-0002-0163-6102
  • Marina Mesquita Camisasca Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social, Faculdade de Comunicação e Artes, Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, Belo Horizonte, Brasil https://orcid.org/0000-0002-9175-5569
  • Fernanda Nalon Sanglard Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social, Faculdade de Comunicação e Artes, Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, Belo Horizonte, Brasil https://orcid.org/0000-0003-4335-7926

DOI:

https://doi.org/10.17231/volesp(2025).5481

Palavras-chave:

censura, mobilização política, liberdade de expressão, artes

Resumo

Este artigo explora as manifestações online e offline que surgiram em resposta às tentativas de censura a produções artísticas no Brasil entre 2017 e 2022. O foco é identificar e analisar episódios e tentativas de censura à arte, examinando as reações e mobilizações desencadeadas. Ao lançar luz sobre as influências do contexto político brasileiro, o estudo destaca os novos repertórios de ação que conferem agência e criatividade aos confrontos. Além disso, reflete sobre como essas mobilizações de resistência atuaram na defesa da liberdade de expressão, que é crucial para a promoção da pluralidade e da inclusão no debate público. Utilizando dados coletados em sites jornalísticos e plataformas de mídias sociais, a pesquisa emprega a análise de conteúdo nos critérios de Krippendorff e Boc (2007) para examinar os mecanismos de censura e as narrativas midiáticas sobre eles. Os resultados revelam que as manifestações contra a censura se desdobraram em quatro dinâmicas principais: campanhas, protestos de rua, ações alternativas e ativismo de hashtag. Notavelmente, as ações alternativas se destacaram como a categoria mais expressiva, impulsionada pela criatividade. Essas manifestações contra a censura se materializaram em diversas performances artísticas, evidenciando a constante adaptação dos artistas ao desafiar normas e expandir o repertório em prol da defesa da liberdade de expressão.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografias Autor

Maiara Orlandini, Instituto de Educação Continuada, Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, Belo Horizonte, Brasil/Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social, Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, Brasil

Maiara Orlandini é doutora em Comunicação pelo Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social da Universidade Federal de Minas Gerais. É graduada em Jornalismo e mestre em Comunicação Social pela Universidade Federal do Paraná. Atualmente é pesquisadora voluntária no Grupo Bertha de pesquisa (Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais) e pesquisadora de pós-doutorado no Grupo de Pesquisa em Mídia e Esfera Pública (Universidade Federal de Minas Gerais). Também é professora e coordenadora do curso de especialização em Jornalismo de Dados (Instituto de Educação Continuada/Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais).

Bruna Silveira de Oliveira, Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social, Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, Brasil

Bruna Silveira de Oliveira é pesquisadora de pós-doutorado no Grupo de Pesquisa em Mídia e Esfera Pública (Universidade Federal de Minas Gerais), vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social na Universidade Federal de Minas Gerais. É doutora e mestre em Comunicação Social pela Universidade Federal de Minas Gerais e graduada em Jornalismo pela Universidade Federal de Ouro Preto. É pesquisadora voluntária do Grupo Bertha de Pesquisa (Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais), no núcleo LiBertha, que tem como foco o estudo sobre censura e liberdade de expressão no Brasil. Possui experiência e interesse de pesquisa em comunicação política, sobretudo em discus-sões sobre esfera pública, deturpações democráticas e grupos extremistas.

Marina Mesquita Camisasca, Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social, Faculdade de Comunicação e Artes, Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, Belo Horizonte, Brasil

Marina Mesquita Camisasca é pesquisadora de pós-doutorado no Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. É doutora em História e Culturas Políticas pela Universidade Federal de Minas Gerais, com mestrado e graduação na mesma instituição. Possui experiência em história institucional e empresarial, trabalhando na redação e editoração de livros, organização de arquivos, centros de memória e exposições. Realiza pesquisa na área de história agrária, história do Brasil republicano, história da ditadura militar e autoritarismo. Integrante do núcleo LiBertha do Grupo Bertha de Pesquisa da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais.

Fernanda Nalon Sanglard, Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social, Faculdade de Comunicação e Artes, Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, Belo Horizonte, Brasil

Fernanda Nalon Sanglard é professora do Programa de Pós-Graduação em Comunicação e da Faculdade de Comunicação e Artes da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. É doutora em Comunicação pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro. É jornalista e mestre em Comunicação pela Faculdade de Comunicação Social da Universidade Federal de Juiz de Fora, com especialização em Marketing pela mesma universidade. Realizou pós-doutorado no Grupo de Pesquisa em Mídia e Esfera Pública (Universidade Federal de Minas Gerais). Foi repórter do jornal Tribuna de Minas, integrante da Comissão Municipal da Verdade de Juiz de Fora e pesquisadora da Comissão da Verdade em Minas Gerais. É coordenadora do núcleo e do projeto LiBertha, do Grupo Bertha de Pesquisa (https://grupobertha.com.br), vinculados à Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais.

Referências

Arsham, H. (1998). Kuiper’s P-value as a measuring tool and decision procedure for the goodness-of-fit test. Journal of Applied Statistics, 15(2), 131–135.

Barendt, E. (Ed.). (2017). Freedom of the press. Routledge.

Bennett, W. L., & Segerberg, A. (2012). The logic of connective action: Digital media and the personalization of contentious politics. Information, Communication & Society, 15(5), 739–768. https://doi.org/10.1080/1369118X.2012.670661

Cavicchioli, G., & Cruz, M. T. (2018, 6 de dezembro). Obra de arte crítica a Bolsonaro é censurada em exposição no Rio. Apoie a Ponte. https://ponte.org/obra-de-arte-critica-a-bolsonaro-e-censurada-em-exposicao-no-rio/

Costa, M. C. C., & Souza Junior, W. (2018). Censura e pós-censura: Uma síntese sobre as formas clássicas e atuais de controle da produção artística nacional. Políticas Culturais em Revista, 11(1), 19–36. https://doi.org/10.9771/pcr.v11i1.28154

Duarte, L. (Ed.). (2018). Arte, censura, liberdade: Reflexões à luz do presente. Cobogó.

Edström, M., & Svensson, E. (2016). Trust and values for sale: Market-driven and democracy-driven freedom of expression. In U. Carlsson (Ed.), Freedom of expression and media in transition. Studies and reflections in the digital age (pp. 67–74). Nordicom.

Fiss, O. M. (2022). A ironia da liberdade de expressão: Estado, regulação e diversidade na esfera pública (G. Binennbojm & C. Pereira Neto, Trads.). Editora FGV. (Trabalho original publicado em 1996)

Foster, H. (2013). Pós-crítica. Arte & Ensaios, 25(25), 166–176.

Gunn, C. (2015). Hashtagging from the margins. In K. E. Tassie & S. M. B. Givens (Eds.), Women of color and social media multitasking: Blogs, timelines, feeds, and community (pp. 21–34). Lexington Books.

Habermas, J. (2002). A inclusão do outro (G. Sperber & P. Soethe, Trads.). Edições Loyola. (Trabalho original publicado em 1996)

Harbath, K. (2018, 24 de julho). Protegendo as eleições no Brasil. Facebook Newsroom. https://about.fb.com/br/news/2018/07/protegendo-as-eleicoes-no-brasil/

Krippendorff, K., & Boc, M. A. (2007). The content analysis reader. SAGE.

Kunelius, R. (2016). Free speech at an intersection. Notes on the contemporary hybrid public sphere. In U. Carlsson (Ed.), Freedom of expression and media in transition: Studies and reflections in the digital age (pp. 35–42). Nordicom.

Maia repreende deputado que vandalizou exposição do Dia da Consciência Negra. (2019, 20 de novembro). Hora do Povo. https://horadopovo.com.br/maia-repreende-deputado-que-vandalizou-exposicao-do-dia-da-consciencia-negra/

Malik, A., Johri, A., Handa, R., Karbasian, H., & Purohit, H. (2018). How social media supports hashtag activism through multivocality: A case study of #ILookLikeanEngineer. First Monday, 23(11). https://doi.org/10.5210/fm.v23i11.9181

Miguel, L. F. (2018). O pensamento e a imaginação no banco dos réus: Ameaças à liberdade de expressão em contexto de golpe e guerras culturais. Políticas Culturais em Revista, 11(1), 37–59.

Nordenstreng, K. (2016). Liberate freedom from its ideological baggage! Les Enjeux de l’Information et de la Communication, (17/2), 157–161.

Oliveira, B. S., Orlandini, M. G., & Sanglard, F. N. (2022). Vilipêndio à fé? Reflexão sobre censura e repressão à arte por motivação religiosa. Líbero, (25/51), 52–75.

Poell, T., Nieborg, D., & van Dijck, J. (2020). Plataformização. Revista Fronteiras, 22(1), 2–10.

Rocha, C. (2021). Menos Marx, mais Mises: O liberalismo e a nova direita no Brasil. Todavia.

Ruediger, M., Grassi, A., Dourado, T., Calil, L., Piaia, V., Almeida, S., & Carvalho, D. (2021). Desinformação on-line e eleições no Brasil: A circulação de links sobre desconfiança no sistema eleitoral brasileiro no Facebook e no YouTube (2014-2020). DAPP/FGV.

Sanglard, F. N., Oliveira, B. S., & Orlandini, M. G. (2021). Arte que critica política que censura: Episódios de patrulhamento da crítica política. Anais do XXX Encontro Anual da Compós, 30, 1–24.

Sanglard, F. N., Oliveira, B. S., & Orlandini, M. G. (2023). Censura à arte como sintoma do autoritarismo brasileiro. LARR - Latin American Research Review, 59(1), 1–25.

Sanglard, F. N., & Santos, J. G. B. (2013). A ação coletiva muito além das organizações. Revista Compolítica, 1(3), 116–128.

Scabin, N. L. C., & Leite, A. L. (Eds.). (2021). Comunicação, mídias e liberdade de expressão no século XXI: Modos censórios, resistências e debates emergentes. Gênio Editorial; Intercom.

Sodré, M. (2021). A sociedade incivil: Mídia, iliberalismo e finanças. Vozes.

Tilly, C. (2008). Contentious performances. Cambridge University Press.

Wardle, C., & Derakhshan, H. (2017). Information disorder: Toward an interdisciplinary framework for research and policy making. Council of Europe.

Publicado

24-04-2025

Como Citar

Orlandini, M., Oliveira, B. S. de, Camisasca, M. M., & Sanglard, F. N. (2025). Das Ações Censórias à Resistência: Mobilizações em Defesa da Liberdade de Expressão Artística no Brasil. Comunicação E Sociedade, 65–85. https://doi.org/10.17231/volesp(2025).5481

Edição

Secção

Artigos Temáticos