A Controvérsia na Cobertura Mediática de Saúde: A Aplicação Stayaway Covid e as Fontes de Informação

Autores

DOI:

https://doi.org/10.17231/comsoc.40(2021).3254

Palavras-chave:

pandemia, media, fontes de informação, controvérsia, jornalismo de saúde

Resumo

Apresentada como um importante instrumento no combate à progressão da pandemia de covid-19, desde que foi mencionada pela primeira vez nos media, a aplicação Stayaway Covid manteve-se em cena no panorama mediático nacional, tendo originado cerca de 1.400 notícias em 2020. Este assinalável volume de notícias justifica-se não só pela potencial relevância desta tecnologia em contexto de pandemia, mas também pelas polémicas que se levantaram na opinião pública e nos media. De forma a contribuir para a compreensão da cobertura noticiosa da aplicação, foram analisadas as fontes de uma amostra de 182 notícias de imprensa, rádio e televisão com referência à Stayaway Covid, distinguindo as que focam as controvérsias da privacidade e da obrigatoriedade das que não o fazem. Os resultados evidenciam que, neste caso de controvérsia em saúde pública, os especialistas não assumiram o protagonismo, tendo os políticos tido um papel mais preponderante a alimentar a polémica, sobretudo no que diz respeito à intenção de tornar a aplicação obrigatória.

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Biografias Autor

Sandra Pinto, Fundação Bial, Trofa, Portugal

Sandra Pinto é mestre em ciências da comunicação (2010) e licenciada em comunicação social (1997) pela Universidade do Minho. Iniciou o seu percurso profissional na sede da Portugal Telecom (atual Altice), onde realizou durante 2 anos variados trabalhos na área da comunicação interna. Ingressou no INESC TEC em 2000 como técnica de comunicação, tendo assegurado a atividade do então criado serviço de comunicação desde essa data. Entre abril de 2006 e maio de 2021, assumiu a função de responsável de comunicação, prosseguindo atividades de comunicação de ciência com vista à promoção e dinamização do conhecimento, imagem e prestígio da instituição. Entre junho de 2018 e março de 2020, assumiu também a função de head of communications no programa UT Austin Portugal, acolhido no INESC TEC. Desde junho de 2021, assegura a comunicação da Fundação Bial.

Eunice Oliveira, Serviço de Comunicação, Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência, Porto, Portugal

Eunice Oliveira integra, desde 2012, o Serviço de Comunicação do INESC TEC, onde tem desempenhado várias tarefas de comunicação de ciência. Integra também a equipa do INESC TEC que faz parte do consórcio português da Enterprise Europe Network, uma iniciativa da Comissão Europeia. Em 2013 e 2014, conciliou a sua atividade no INESC TEC com o trabalho de comunicação do programa CMU Portugal. Antes de ingressar no INESC TEC, trabalhou como jornalista num canal de televisão portuguesa e também no departamento de comunicação da câmara municipal de Moimenta da Beira. Licenciou-se em jornalismo (2008) e mais tarde concluiu o mestrado em comunicação e jornalismo (2011), ambos na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. Em 2016, concluiu uma pós-graduação em marketing digital e e-business.

Elsa Costa e Silva, Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade, Instituto de Ciências Sociais, Universidade do Minho, Braga, Portugal

Elsa Costa e Silva é professora de economia política da comunicação e de jornalismo na Universidade do Minho. Os seus interesses de investigação centram-se na concentração da propriedade dos media, economia dos media e regulação. Publicou em várias revistas nacionais e internacionais. É coordenadora do Grupo de Trabalho de Economia e Políticas de Comunicação da Associação Portuguesa de Ciências da Comunicação (Sopcom). Foi jornalista do Diário de Notícias.

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Publicado

20-12-2021

Como Citar

Pinto, S., Oliveira, E., & Costa e Silva, E. (2021). A Controvérsia na Cobertura Mediática de Saúde: A Aplicação Stayaway Covid e as Fontes de Informação. Comunicação E Sociedade, 40, 109–128. https://doi.org/10.17231/comsoc.40(2021).3254