Refúgio e colonização do futuro: fronteiras erguidas nas palavras
DOI:
https://doi.org/10.17231/comsoc.38(2020).2599Palavras-chave:
colonização, jornalismo, narrativa, refugiados, tempoResumo
Este trabalho propõe pensar a migração forçada para a Europa sob a perspectiva de uma narrativa jornalística ancorada em repetições e reiterações de determinadas palavras que, ao produzir sentidos, resultam em uma visão de mundo que estabelece a presença dos migrantes e dos refugiados como razão de uma desordem ao que está posto. Assim, buscamos entender que esse processo contribui para o que denominamos de colonização do futuro, a partir das ideias de Giddens (2002) e Gomes (2004). Neste processo, projeta-se uma ordem, através das palavras, baseada em um pensamento construído ao longo dos períodos de colonização europeia. Seus resquícios se acumulam e formam camadas que se desvelam nas narrativas jornalísticas e nas fronteiras. Ambas nos servem como metáfora e materialização dos conflitos e das relações de poder que impõe ao migrante e ao refugiado a condição do diferente, do “outro”. Queremos propor que há uma narrativa na/de fronteira no jornalismo que contribui para a produção de sentido no processo migratório que enseja pensar apenas por um dos lados da fronteira. Nesse cenário fronteiriço, pensá-lo sob o aspecto de uma colonização do futuro pelas palavras nos impõe o desafio de entender que o jornalismo também é construtor de um tempo inventado narrativamente. Para este trabalho, foram analisados textos do jornal brasileiro Folha de São Paulo publicados entre setembro e dezembro de 2015, momento em que houve um maior aprofundamento dos debates acerca do refúgio na Europa. O recorte para a análise seguiu a partir das palavras refugiados, fronteiras e controle.
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