Comunidades Invisíveis: Vozes Minoritárias no Jornalismo Profissional Alavancadas Pelo Jornalismo Comunitário em Rádios Alternativas

Autores

  • Miguel Midões Departamento de Comunicação e Arte, Instituto Politécnico de Viseu, Viseu, Portugal/Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade, Instituto de Ciências Sociais, Universidade do Minho, Braga, Portugal https://orcid.org/0000-0001-9492-9918

DOI:

https://doi.org/10.17231/comsoc.48(2025).6456

Palavras-chave:

jornalismo cidadão, rádios comunitárias, invisibilidades, média alternativos

Resumo

Assente em estudos acerca dos critérios de noticiabilidade nos média tradicionais e na invisibilidade de temáticas e grupos sociais (Hall, 1997; Traquina, 2000), este estudo enquadra-se na discussão do papel dos média na construção da realidade social e na marginalização e não representação de determinados grupos sociais.
Com o avanço da internet e das redes sociais, apesar de terem sido criadas formas de exclusão mediática, com a personalização dos conteúdos através dos algoritmos (Noble, 2018; Pariser, 2011; Roberts, 2019), os média comunitários surgem como uma alternativa para dar voz a estes grupos marginalizados, através do jornalismo cidadão, comunitário e independente, promovendo a tão desejada, e prometida, maior participação cívica e democrática (Atton & Hamilton, 2008; Forde, 2011; Radsch, 2016).
Este estudo exploratório centra-se na análise qualitativa a quatro rádios comunitárias portuguesas, Rádio Sintoniza-T, Rádio Ophelia, Rádio Freguesia de Belém e Rádio Antecâmara, exclusivamente online, sem fins lucrativos e geridas por voluntários.
A pesquisa evidencia que, apesar dos esforços dessas emissoras comunitárias para preencher as lacunas deixadas pelo jornalismo mainstream, o jornalismo praticado por estas rádios e pelos seus voluntários ainda está em desenvolvimento. O envolvimento comunitário é um desafio e as emissoras estão mais voltadas para programas culturais e de entretenimento do que para noticiários regulares e a produção de notícias, justificado pelo seu ainda curto período de existência. Contudo, o potencial dessas iniciativas é significativo, podendo evoluir para modelos mais estruturados de jornalismo alternativo, jornalismo cidadão e jornalismo comunitário, que atendam às necessidades informativas das suas comunidades.

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Biografia Autor

Miguel Midões, Departamento de Comunicação e Arte, Instituto Politécnico de Viseu, Viseu, Portugal/Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade, Instituto de Ciências Sociais, Universidade do Minho, Braga, Portugal

Miguel Midões é professor adjunto na Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Viseu. É doutor em Ciências da Comunicação pela Universidade de Coimbra, tendo realizado o primeiro mapeamento e caracterização das rádios comunitárias portuguesas. É mestre em Ciências da Comunicação pela Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, com título de especialista em Jornalismo e Reportagem, conferido pelo Politécnico de Viseu. Licenciou-se em Comunicação Social pelo Politécnico de Coimbra em 2004. É investigador integrado do Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade da Universidade do Minho. As suas linhas de investigação centram-se nos média comunitários (nomeadamente a rádio), o jornalismo de proximidade, o áudio (rádio e podcast) e a literacia mediática. É jornalista (CPJ 4707A) desde 2004, tendo passado pela TSF Rádio Notícias.

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Publicado

30-10-2025

Como Citar

Midões, M. (2025). Comunidades Invisíveis: Vozes Minoritárias no Jornalismo Profissional Alavancadas Pelo Jornalismo Comunitário em Rádios Alternativas. Comunicação E Sociedade, 48, e025020. https://doi.org/10.17231/comsoc.48(2025).6456

Edição

Secção

Artigos Temáticos