A imigração como risco para a saúde: uma análise das representações do imigrante africano na cobertura da Folha de S. Paulo sobre o ébola

Autores

  • Igor Sacramento Fundação Oswaldo Cruz, Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde, Brasil
  • Izamara Bastos Machado Fundação Oswaldo Cruz, Instituto de Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde, Brasil

DOI:

https://doi.org/10.17231/comsoc.28(2015).2269

Palavras-chave:

Migração, risco, estereótipo, ébola, jornalismo

Resumo

Neste artigo analisamos a construção de estereótipos sobre os imigrantes africanos na Folha de S. Paulo durante a cobertura do surto epidémico de ébola no continente africano, em 2014. Damos especial atenção ao modo como o jornal noticiou o caso de suspeita de contágio do imigrante guineano Soulyname Bah. Observamos que houve, por meio da lógica do medo, um processo de marcação identitária expressa na oposição entre “nós” e “eles”, promovendo a repulsa à diferença pela ressignificação das características da etnia africana enquanto marcador de risco à saúde. Na sociedade do risco, a cobertura jornalística sobre o ébola — e de outras pandemias — revela um paradoxo crucial da nossa época: o apogeu de avanços científicos humanos que, apesar de tudo, não têm necessariamente atenuado os nossos medos e pânicos sobre potenciais perigos. Nesse contexto, a imigração configura-se como uma questão de segurança e é entendida como uma pluralidade de ameaças (terrorismo, crime, doença e desemprego). Dessa forma, como concluímos neste trabalho, a securitização da imigração é um processo que substitui a consideração de problemas sociais estruturais por práticas discursivas, tecnológicas e institucionais que permitem a identificação e a responsabilização de grupos específicos.

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Biografias Autor

Igor Sacramento, Fundação Oswaldo Cruz, Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde, Brasil

Doutor em Comunicação e Cultura pela Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (ECO/UFRJ) e investigador do Laboratório de Pesquisa em Comunicação e Saúde do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde da Fundação Oswaldo Cruz (Laces/Icict/Fiocruz).

Izamara Bastos Machado, Fundação Oswaldo Cruz, Instituto de Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde, Brasil

Mestre em Comunicação e Cultura pela Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (ECO/UFRJ) e investigadora do Laboratório de Pesquisa em Comunicação e Saúde do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde da Fundação Oswaldo Cruz (Laces/Icict/Fiocruz).

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Publicado

28-12-2015

Como Citar

Sacramento, I., & Machado, I. B. (2015). A imigração como risco para a saúde: uma análise das representações do imigrante africano na cobertura da Folha de S. Paulo sobre o ébola. Comunicação E Sociedade, 28, 25–47. https://doi.org/10.17231/comsoc.28(2015).2269

Edição

Secção

Diáspora, Dinâmicas de Mobilidade e Media