O valor democrático da participação na política cultural sueca

Autores

DOI:

https://doi.org/10.17231/comsoc.36(2019).2346

Palavras-chave:

análise de discurso, análise política, corporativismo, populismo

Resumo

Através da exploração da política cultural sueca, este artigo analisa o modo como a política legítima o apoio às artes e à cultura e a “participação” é importante para este processo, discutindo a forma como diferentes entendimentos da cultura e a participação se relacionam com as noções variáveis da governação democrática na cultura. O artigo discute de que modo um discurso abrangente de cultura considerado positivo e, por conseguinte, de interesse e responsabilidade para a política, pode ser entendido como dois discursos: 1) a cultura é positiva, pois promove coisas boas e 2) a cultura é positiva, pois evita coisas más. Estes dois discursos estão assentes em lógicas diferentes e determinam o conceito de participação de diferentes formas, contudo são construídos como se fossem compatíveis. O significado de governação democrática na cultura é também interpretado de forma diferente nos dois discursos – a proteção da autonomia, igualdade no acesso à cultura e participação como parte integrante são classificadas como democracia corporativista, ao passo que a garantia de sociedades sustentáveis em risco e a participação como igual possibilidade de influência são classificadas como democracia populista. Esta quebra no discurso é interpretada como sinal de redução da legitimidade de um discurso corporativista da democracia, no qual especialistas tiveram o poder de decidir o conteúdo da política cultural. Este artigo integra a discussão sobre o papel da participação e da democracia na política cultural.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

Ahearne, J. (2009). Cultural policy explicit and implicit: a distinction and some uses. International Journal of Cultural Policy, 15(2), 141-153. https://doi.org/10.1080/10286630902746245

Arnstein, S. (1969). A ladder of citizen participation. Journal of the American Planning Association, 35(4), 216-224. https://doi.org/10.1080/01944366908977225

Belfiore, E. & Bennett, O. (2007). Rethinking the social impact of the arts. International Journal of Cultural Policy, 13(2), 135-151. https://doi.org/10.1080/10286630701342741

Bonet, L. & Négrier, E. (2018). The participative turn in cultural policy: paradigms, models, contexts. Poetics, 66, 64-73. https://doi.org/10.1016/j.poetic.2018.02.006

Blomgren, R. (2012). Autonomy or democratic cultural policy: that is the question. International Journal of Cultural Policy, 18(5), 519-529. https://doi.org/10.1080/10286632.2012.708861

Carpentier, N. (2009). Participation is not enough: the conditions of possibility of mediated participatory practices. European Journal of Communication, 24(4), 407-420. https://doi.org/10.1177/0267323109345682

Carpentier, N. (2016). Differentiating between access, interaction and participation. Conjunctions. Transdisciplinary Journal of Cultural Participation, 2(2), 7-28. https://doi.org/10.7146/tjcp.v2i2.23117

Chhotray, V. & Stoker, G. (2012). Governance theory and practice. A cross-disciplinary approach. Basingstoke: Palgrave MacMillan.

Duelund, P. (2008). Nordic cultural policies: a critical view. International Journal of Cultural Policy, 14(1), 7-24. https://doi.org/10.1080/10286630701856468

Ekholm, D. & Lindström Sol, S. (2019). Mobilising non-participant youth: using sport and culture in local government policy to target social exclusion. International Journal of Cultural Policy. https://doi.org/10.1080/10286632.2019.1595607

Evrard, Y. (1997). Democratizing culture or cultural democracy? The Journal of Arts Management, Law, and Society, 27(3), 167-175. https://doi.org/10.1080/10632929709596961

Fischer, F. (2003). Reframing public policy: discursive politics and deliberative practices. Nova Iorque: Oxford University Press.

Gray, C. (2012). Democratic cultural policy: democratic forms and policy consequences. International Journal of Cultural Policy, 18(5), 505-518. https://doi.org/10.1080/10286632.2012.718911

Göteborgs Stad (2013). Kulturprogram för Göteborgs Stad [Programa Cultural para a cidade de Gotemburgo]. Gotemburgo.

Hillman-Chartrand, H. & McCaughey, C. (1989). The arm’s length principle and the arts: an international perspective – past, present and future. In M.C. Cummings & J. M. D. Schuster (Eds.), Who’s to pay for the Arts? The international search for models of support (pp. 43-80). Nova Iorque: American Council for the Arts.

Jancovich, L. (2017). The participation myth. International Journal of Cultural Policy, 23(1), 107-121. https://doi.org/10.1080/10286632.2015.1027698

Johannisson, J. (2006). Det lokala möter världen. Kulturpolitiskt förändringsarbete i 1990-talets Göteborg [Quando o local encontra o global. Mudanças na política cultural de Gotemburgo nos anos 1990] Gotemburgo: Valfrid.

Johannisson, J. (2018). Kulturpolitisk styrning och kulturpolitiska reformer i Sverige [Políticas públicas para a cultura e as reformas culturais na Suécia]. Estocolmo: Kulturanalys Norden.

Johannisson, J. & Trépagny, V. (2004). The (dis)location of cultural policy: two Swedish cases. Comunicação apresentada no evento The Third International Conference on Cultural Policy Research, em Montreal.

Kulturnämnden Göteborg (2018). Förslag till budget för kulturnämnden 2018, Dnr. 1097/17. [Proposta de Orçamento para o Comité de Assuntos Culturais]. Gotemburgo.

Laclau, E. (2005). On populist reason. Londres: Verso.

Laclau, E. & Mouffe, C. (2001). Hegemony and socialist strategy: towards a radical democratic politics. Londres: Verso.

Lindsköld, L. (2013). Betydelsen av kvalitet: en studie av diskursen om statens stöd till ny, svensk skönlitteratur 1975–2009. [O significado da qualidade: estudo sobre o apoio do Estado sueco à nova ficção sueca] Borås: Högskolan i Borås.

Mangset, P. (2009). The arm’s length principle and the art funding system: a comparative approach. In M. Pyykkönen, N. Simainen & S. Sokka (Eds.), What about cultural policy? (pp. 273-298). Helsinki/Jyväskylä: Minerva.

McGuigan, J. (2005). Neo-liberalism, culture and policy. International Journal of Cultural Policy, 11(3), 229-241. https://doi.org/10.1080/10286630500411168

Pateman, C. (1970). Participation and democratic theory. Londres: Cambridge University Press.

Proposition 2009/10:3. Tid för kultur, regeringens proposition [Uma época para a cultura, proposta governativa]. Regeringskansliet, Estocolmo.

Stevenson, D., Balling, G. & Kann-Rasmussen, N. (2017). Cultural participation in Europe: shared problem or shared problematisation? International Journal of Cultural Policy, 23(1), 89-106. https://doi.org/10.1080/10286632.2015.1043290

Sullivan, A. & Miles, A. (2012). Understanding participation in culture and sport, mixing methods, reordering knowledges. Cultural Trends, 21(4), 311-324. https://doi.org/10.1080/09548963.2012.726795

Sørensen, A.C. (2016). “Participation”: the new cultural policy and communication agenda. Nordic Journal of Cultural Policy, 19(1), 4-18.

Taylor, M. (2016). Nonparticipation or different styles of participation? Alternative interpretations from Taking Part. Cultural Trends, 25(3), 169-181. https://doi.org/10.1080/09548963.2016.1204051

Terning, M. (2016). Myter om gymnasieeleven. En diskursteoretisk studie av dominerande subjektspositoner i politiska texter, 1990-2009 [Mitos na vida de um estudante do Ensino Secundário. Estudo sobre a teoria do discurso dominante nos textos políticos entre 1990-2009]. Tese de doutoramento, Universidade de Estocolmo, Estocolmo, Suécia.

Tomka, G. (2013). Reconceptualizing cultural participation in Europe: grey literature review. Cultural Trends, 22(3-4), 259-264. https://doi.org/10.1080/09548963.2013.819657

Torfing, J. (1999). New theories of discourse: Laclau, Mouffe and Žižek. Oxford: Blackwell.

Vestheim, G. (2007). Cultural policy and democracy: theoretical reflections. International Journal of Cultural Policy, 13(2), 217-235. https://doi.org/10.1080/10286632.2012.708865

Vestheim, G. (2009). The autonomy of culture and the arts – from the Early Bourgeois Era to Late modern ‘Runaway World’. In M. Pyykkönen, N. Simainen & S. Sokka (Eds.), What about cultural policy? (pp. 31-53). Helsínquia/Jyväskylä: Minerva.

Vestheim, G. (2012). Cultural policy and democracy: an introduction. International Journal of Cultural Policy, 18(5), 493-504. https://doi.org/10.1080/10286632.2012.708865

Virolainen, J. (2016). Participative turn in cultural policy? An analysis of the concept of cultural participation in Finnish cultural policy. Nordic Journal of Cultural Policy, 19(1), 59-77. Retirado de https://www.idunn.no/nkt/2016/01/participatory_turn_in_culturalpolicy_-_an_analysis_of_the.

Västra Götalandsregionen (2012). En mötesplats i världen. Kulturstrategi för Västra Götaland 2012 [Um ponto de encontro no mundo. Estratégia cultural para a região de Västra Götaland 2012]. Vänersborg: Västra Götalandsregionen.

Wedel, J. R., Shore, C., Feldman, G. & Lathrop, S. (2005). Toward an Anthropology of public policy. The ANNALS of the American Academy of Political and Social Science, 600(1), 30-51. https://doi.org/10.1177/0002716205276734

Winther Jørgensen, M. & Phillips, L. (2002). Discourse analysis as theory and method. Londres: Sage.

Publicado

20-12-2019

Como Citar

Sol, S. L. (2019). O valor democrático da participação na política cultural sueca. Comunicação E Sociedade, 36, 81–99. https://doi.org/10.17231/comsoc.36(2019).2346

Edição

Secção

Artigos Temáticos